Entende-se por Pragas Urbanas os insetos e pequenos animais que se proliferam desordenadamente no ambiente das cidades e que oferecem risco à saúde humana. Os principais exemplos são baratas, moscas, pernilongos, formigas, escorpiões, morcegos, ratos, pombos, caramujos, entre outros. Estes se encaixam na lista de animais sinantrópicos, expressão utilizada para designar animais que habitam locais próximos ao homem e se adaptam a viver junto deste.
As pragas urbanas têm por características biológicas o alto índice de resistência e a adaptação sobre os mais diversos meios. Por isso, o ambiente urbano torna-se o principal habitat para essas espécies, pois oferece condições como umidade, alimentação e muitos ambientes baldios. Com isso, o seu extermínio é bastante dificultado. A maioria dessas espécies costuma se reproduzir durante o inverno e se prolifera durante o verão.
São muitas as doenças causadas pelas pragas urbanas. A principal delas, atualmente, é a dengue. Ela é transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti, que também é responsável pela Febre Amarela, e pode até matar. Outra doença que costuma ser causada por pragas é a Leptospirose, transmitida através do contato humano com a urina do rato. Seus sintomas são semelhantes aos da gripe, e também pode matar. Portanto, nota-se que o controle das pragas não é tão somente uma questão de conforto e higiene, mas um caso de saúde pública.
É preciso registrar, contudo, que o crescimento do número de insetos e pequenos animais nas cidades é fruto do processo de crescimento desordenado e das desigualdades econômicas e estruturais preponderantes no espaço urbano. Assim, em razão da falta de investimentos e planejamento, muitas regiões sofrem com a falta de estrutura – a exemplo de bairros em periferias que apresentam muitos esgotos a céu aberto –, o que proporciona a proliferação de pragas e as doenças por elas causadas. Para combater as pragas, não basta simplesmente uma boa dedetização, mas sim de uma correta política de democratização dos espaços na cidade.
Chuvas aumentam risco das doenças transmitidas pelas pragas urbanas
A Leptospirose, transmitida pela urina do rato, e a dengue são as mais comuns
Os especialistas da APRAG – Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas recomendam atenção redobrada nesta época do ano, em que as fortes chuvas aumentam o risco das doenças transmitidas pelas pragas, e que podem ser fatais. Segundo o biólogo e vice-presidente executivo da associação, Sérgio Bocalini, "as ações são simples e velhas conhecidas da população, como não deixar água parada e evitar o contato com a água de enchentes, mas muitas vezes essas atitudes não são tomadas".
Causada pela bactéria Leptospira interrogans, transmitida pela urina do rato, a Leptospirose é um problema recorrente todos os anos. Além da dor intensa nas batatas das pernas, os primeiros sintomas da Leptospirose são muito parecidos com os de uma gripe comum, mas podem evoluir, atacar órgãos vitais e até levar à morte.
O especialista da APRAG recomenda que após uma enchente, no momento da limpeza da casa e dos quintais, as pessoas utilizem luvas e botas de borracha para evitar contato com a água e lama. Outra medida importante a ser adotada é realizar a higienização da casa e dos utensílios com água sanitária. "Estas são ações importantes, mas como muitas vezes é difícil evitar o contato com a água, quando a enchente ocorre, recomendamos ações preventivas de combate à infestação de roedores", afirma Bocalini. "Ações como evitar o acúmulo de lixo, manter casas e quintais sempre limpos e pedir ajuda de especialistas no combate às infestações fazem toda a diferença, pois combatem o transmissor da doença", completa.
Estima-se que na cidade de São Paulo cerca de 25% dos domicílios estejam infestados, número que pode crescer ainda mais, pois cada fêmea adulta de um roedor urbano pode ter de 4 a 12 ninhadas por ano, com uma média de 3 a 12 filhotes, dependendo da espécie. Devido ao grande número de roedores, só em 2008, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica, o Estado de São Paulo registrou 512 casos confirmados de Leptospirose, com 70 óbitos.
Sérgio Bocalini afirma ainda que é preciso ficar atento a outro perigo no combate aos roedores. "Os produtos ilegais, como o chumbinho, muitas vezes são utilizados pela população na busca por uma solução rápida. Mas, ao invés de solucionar o problema, este tipo de produto coloca em risco a vida de pessoas, principalmente crianças, e animais domésticos", diz o especialista.