Pragas urbanas se proliferam no verão e invadem as casas brasileiras

“Se você não trouxer a praga para sua casa ou se não tiver facilidade para que essa praga entre na sua casa, ela não vai se instalar”, diz o biólogo Francisco Zorzenon. Mas até mesmo no Instituto Biológico tem bicho que chega de surpresa. Jaci ficou apavorada quando entrou na sala do arquivo e deu de cara com um morcego. “Eu tenho pavor. Nós não podemos dividir o mesmo espaço”, revelou.

Infestação de Aedes aegypti põe em risco 135 cidades brasileiras

Segundo o Ministério da Saúde, 135 cidades estão em situação de risco para a ocorrência de epidemias devido à infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e do chikungunya. O número anterior, divulgado no dia 7 de novembro, era de 125 municípios. De acordo com a pasta, nessas cidades foram encontrados larvas do mosquito em mais de 3,9% das casas visitadas. As informações integram o Levantamento Rápido do Índice de Infestação de Aedes Aegypti (LIRAa), feito em outubro, que analisou a existência de locais com larvas em 1.737 cidades. Seu objetivo é apontar as regiões com maior risco de transmissão das doenças. Segundo o governo, outras 612 cidades foram classificadas em situação de alerta (pois tinham entre uma e três casas a cada cem com larvas) e 990 apresentaram situação satisfatória (um ou menos imóveis de cada centena continha focos do Aedes aegypti). De acordo com o levantamento, Rio Branco é a única capital em situação de risco, com índice de 4,2. São 13 as capitais que apresentaram situação de alerta (Boa Vista, Palmas, Salvador, Porto Alegre, Cuiabá, Vitória, Maceió, Natal, Recife, São Luís, Aracaju, Belém e Porto Velho) e outras 11 estão com índices satisfatórios (Curitiba, Florianópolis, Brasília, Campo Grande, Goiânia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Macapá, Teresina e João Pessoa). Duas capitais (Manaus e Fortaleza) ainda não apresentaram ao Ministério da Saúde os resultados do LIRAa. No ano passado, o LIRAa apontou 159 municípios em situação de risco e 539 em alerta. Apesar do número de cidades consideradas críticas ter sido menor este ano em relação a 2013, há uma preocupação maior por causa dos casos de chikungunya. Até 25 de outubro, foram diagnosticados 824 casos da febre no país. O primeiro foi confirmado em setembro. Já os casos de dengue somam 556.317 este ano. De acordo com a pasta, o estudo é importante para reduzir a transmissão durante o verão, que é a estação mais propícia, já que a combinação de chuva e calor é ideal para a procriação do Aedes aegypti. Com o slogan “O perigo aumentou. E a responsabilidade de todos também”, o ministério lançou uma campanha neste mês para chamar a atenção sobre a importância da prevenção ao mosquito transmissor das duas doenças. Foram produzidas peças publicitárias com imagens que mostram os criadouros do Aedes aegypti, como vasos de plantas com água, sacos de lixo, caixas d’água abertas, pneus desprotegidos e garrafas plásticas destampadas. De acordo com a pasta, é preciso destacar que a forma de combate ao foco do mosquito é a mesma para se evitar as duas doenças. A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa. Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.

Pragas Urbanas

Entende-se por Pragas Urbanas os insetos e pequenos animais que se proliferam desordenadamente no ambiente das cidades e que oferecem risco à saúde humana. Os principais exemplos são baratas, moscas, pernilongos, formigas, escorpiões, morcegos, ratos, pombos, caramujos, entre outros. Estes se encaixam na lista de animais sinantrópicos, expressão utilizada para designar animais que habitam locais próximos ao homem e se adaptam a viver junto deste. As pragas urbanas têm por características biológicas o alto índice de resistência e a adaptação sobre os mais diversos meios. Por isso, o ambiente urbano torna-se o principal habitat para essas espécies, pois oferece condições como umidade, alimentação e muitos ambientes baldios. Com isso, o seu extermínio é bastante dificultado. A maioria dessas espécies costuma se reproduzir durante o inverno e se prolifera durante o verão. São muitas as doenças causadas pelas pragas urbanas. A principal delas, atualmente, é a dengue. Ela é transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti, que também é responsável pela Febre Amarela, e pode até matar. Outra doença que costuma ser causada por pragas é a Leptospirose, transmitida através do contato humano com a urina do rato. Seus sintomas são semelhantes aos da gripe, e também pode matar. Portanto, nota-se que o controle das pragas não é tão somente uma questão de conforto e higiene, mas um caso de saúde pública. É preciso registrar, contudo, que o crescimento do número de insetos e pequenos animais nas cidades é fruto do processo de crescimento desordenado e das desigualdades econômicas e estruturais preponderantes no espaço urbano. Assim, em razão da falta de investimentos e planejamento, muitas regiões sofrem com a falta de estrutura – a exemplo de bairros em periferias que apresentam muitos esgotos a céu aberto –, o que proporciona a proliferação de pragas e as doenças por elas causadas. Para combater as pragas, não basta simplesmente uma boa dedetização, mas sim de uma correta política de democratização dos espaços na cidade. Chuvas aumentam risco das doenças transmitidas pelas pragas urbanas A Leptospirose, transmitida pela urina do rato, e a dengue são as mais comuns Os especialistas da APRAG – Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas recomendam atenção redobrada nesta época do ano, em que as fortes chuvas aumentam o risco das doenças transmitidas pelas pragas, e que podem ser fatais. Segundo o biólogo e vice-presidente executivo da associação, Sérgio Bocalini, "as ações são simples e velhas conhecidas da população, como não deixar água parada e evitar o contato com a água de enchentes, mas muitas vezes essas atitudes não são tomadas". Causada pela bactéria Leptospira interrogans, transmitida pela urina do rato, a Leptospirose é um problema recorrente todos os anos. Além da dor intensa nas batatas das pernas, os primeiros sintomas da Leptospirose são muito parecidos com os de uma gripe comum, mas podem evoluir, atacar órgãos vitais e até levar à morte. O especialista da APRAG recomenda que após uma enchente, no momento da limpeza da casa e dos quintais, as pessoas utilizem luvas e botas de borracha para evitar contato com a água e lama. Outra medida importante a ser adotada é realizar a higienização da casa e dos utensílios com água sanitária. "Estas são ações importantes, mas como muitas vezes é difícil evitar o contato com a água, quando a enchente ocorre, recomendamos ações preventivas de combate à infestação de roedores", afirma Bocalini. "Ações como evitar o acúmulo de lixo, manter casas e quintais sempre limpos e pedir ajuda de especialistas no combate às infestações fazem toda a diferença, pois combatem o transmissor da doença", completa. Estima-se que na cidade de São Paulo cerca de 25% dos domicílios estejam infestados, número que pode crescer ainda mais, pois cada fêmea adulta de um roedor urbano pode ter de 4 a 12 ninhadas por ano, com uma média de 3 a 12 filhotes, dependendo da espécie. Devido ao grande número de roedores, só em 2008, segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica, o Estado de São Paulo registrou 512 casos confirmados de Leptospirose, com 70 óbitos. Sérgio Bocalini afirma ainda que é preciso ficar atento a outro perigo no combate aos roedores. "Os produtos ilegais, como o chumbinho, muitas vezes são utilizados pela população na busca por uma solução rápida. Mas, ao invés de solucionar o problema, este tipo de produto coloca em risco a vida de pessoas, principalmente crianças, e animais domésticos", diz o especialista.

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